Fernão Ferro é a mais recente freguesia do concelho do seixal, tendo sido criada em 27 de maio de 1993.
Segundo uma lenda a freguesia tem origem no nome de Fernão Peres, irmão de D. Paio Peres. Fernão Peres de Correia, mestre da ordem de Santiago, fundador da aldeia de paio Peres.
Fernão (Ferro) Peres era conhecido pelo nome do Babilon, cognome que lhe foi atribuído, como a todos os outros cruzados, que no reinado de Sancho II se aventura por terras da Babilónia para defender o Túmulo de Cristo.
O cruzado caiu em desgraça durante a guerra que opôs Sancho II e seu irmão, Afonso II. Foi nessa altura que Fernão Ferro procurou refúgio nesta região. Uma vez aqui instalado encarregou-se de cobrar tributo a todos os viajantes que vinham ou iam para Sesimbra e utilizavam o caminho de Almada.
A alcunha de ferro foi atribuída, possivelmente, devido ao facto de ter a cruz de cristo incrustada na sua armadura de cruzado e no punho da sua espada, que sempre trazia consigo. Outras possível explicação seria o facto de ferrar animais, o que aliado á sua corpulência e crueldade, daria origem á designação.
O lugar de “fernanan ferro” tem a sua primeira referencia num documento que se encontra na torre do Tombo e que diz “ em 10 de Janeiro de 1501, os sesmeiros de castelo dão Carta de sesmaria a favor de Braz Teixeira, cavaleiro da casa de El- Rei Nosso Senhor D. Manuel I. Os terrenos onde se chama a de uma casa...”
Esta propriedade será dada em testamento aos frades Jerónimos de Belém por João Teixeira, filho do primeiro proprietário, em 1547.
Após a extinção das ordens religiosas em 1834 os pinhais de palmela e o casal de Fernão Ferro, foram vendidos a Gabriel Borges Marques Rocha que introduziu o cultivo do tabaco. No Mesmo ano a propriedade é adquirida por Abraão Wheellhouse, que o dá á filha Georgina como dote de casamento com José Joaquim Almeida Lima, mantendo-se a propriedade nesta família até tempos recentes.
O povoamento do lugar iniciou-se apenas em 1902 com famílias oriundas de diversas partes. A primeira família a fixar-se Mirandas, Sacoutos, Padre Nosso, Gomes, Nogueiras, Tostão e muitas outras.
As trinta e três famílias originais desbravam o matagais que cobriam a zona e cultivaram as terras. Outros trabalhavam para a família Lima no corte de madeiras de pinho, depois levadas para Lisboa, para serem usada nos fornos de pão.
Em Fernão Ferro chegaram a existir boas vinhas que desapareceram por completo devido á filoxera.
O ex-libris da freguesia a casa das conchas, parece ter sido a casa em ruínas referida no documento de 1501 pelo Almoxarife de Sesimbra. Tal como então a casa encontra-se hoje em estado de ruína lastimável.
A localidade devido á sua situação geográfica, com bons acessos, bons ares e próxima de zonas balneares, sofreu, a partir dos anos sessenta, um processo de loteamento clandestino. Em 1969 António Xavier de Lima inicia a venda de parte da sua propriedade, lotes. Em 1970 o proprietário, constrói uma igreja e centro paroquial, inaugurado pelo então Cardeal Cerejeira. Foi neste mesmo ano que o jornal de Fernão foi publicado pela primeira vez.