Segunda a Sexta - 10:00 - 18:00
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Ao longo de quatro décadas, a receita já passou por três gerações de mulheres da empresa familiar olhanense João Mendes e Rita Lda. A sua grande especificidade reside no facto de o folar ser feito em várias camadas e ter por dentro uma calda de caramelo que mantém a massa sempre húmida.
Os folares são feitos dentro de uns tachos de metal. Em cada um deles é colocada ora uma porção de manteiga derretida mais açúcar e canela, ora um círculo de massa achatada. Estas duas camadas são repetidas até que o recipiente fique praticamente cheio. No final, os folares vão ao forno até ficarem com a cor apropriada e são depois desenformados.
A história do folar de folhas remonta à avó Adelina Pereira Rita, que fazia folares para vender a vizinhos e pequenas mercearias, conta a João Mendes e Rita Lda no seu website. Eram amassados à mão por ela e cozidos em forno de lenha num processo manual muito trabalhoso que permitia uma produção apenas em pequenas quantidades.
Em 2019 o folar de folhas de Olhão foi eleito como uma das 7 Maravilhas Doces de Portugal, a par da Amêndoa Coberta de Moncorvo IGP, Bolinhol de Vizela, Charutos dos Arcos, Crista de Galo, Mel Biológico do Parque Natural de Montesinho e das Roscas de Monção.
Apesar de o folar de folhas estar intimamente associado a Olhão e à história e tradição de uma família em concreto, são várias as pastelarias do sotavento algarvio que vendem folares parecidos. Sobretudo nesta altura de festa e celebração da Semana Santa.
O costume de comer folar nesta altura vem de uma lenda muito antiga, tão antiga, refere a Infopédia da Porto Editora, que já nem se sabe muito bem qual a sua origem. Havia numa aldeia portuguesa uma jovem, chamada Mariana, que tinha como único desejo casar cedo e, para isso, rezava a Santa Catarina.
Não tardou e apareceram dois pretendentes, dois jovens belos, um era um fidalgo rico e o outro era um lavrador pobre. Sem conseguir optar, Mariana pediu a Santa Catarina que a guiasse na escolha certa. Mas viu-se pressionada quando tanto um como outro lhe exigiram que desse uma resposta definitiva até ao Domingo de Ramos.
Contudo, Mariana andava receosa, pois tinham-lhe dito que o fidalgo apareceria no dia do casamento para matar o rival. Era véspera do Domingo de Páscoa e Mariana rezou, uma vez mais, a Santa Catarina. E diz a lenda que a imagem da santa pareceu sorrir-lhe.
No dia a seguir foi deixar flores no altar da santa e, quando chegou a casa, viu que, em cima da mesa, estava um grande bolo com ovos inteiros e rodeado de flores. Mas não umas flores quaisquer. Eram as mesmas que Mariana tinha posto em cima do altar. Logo correu para a casa de Amaro, mas encontrou-o pelo caminho e este contou-lhe que também tinha recebido um bolo semelhante.
Achando que teria sido ideia do fidalgo, foram a casa deste agradecer, mas também ele disse que tinha recebido um bolo. Mariana ficou então convencida de que tudo tinha sido obra de Santa Catarina.
Inicialmente chamado de folore, o bolo veio, com o passar do tempo, a ficar conhecido como folar e transformou-se numa tradição que pretende celebrar a amizade e a reconciliação.
Durante as celebrações cristãs da Páscoa, no Domingo de Ramos, os afilhados costumavam levar um ramo de flores à madrinha de batismo e esta, no Domingo de Páscoa, oferecia-lhes, em troca, um folar.
Links para saber mais sobre o folar de Olhão:
Folar de Olhão - João Mendes & Rita, Lda. | Olhão | Facebook
7 Maravilhas Doces de Portugal - 7 Maravilhas de Portugal
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