A situação do COVID-19 mudou rapidamente a forma como as organizações e empresas estão a atrair, recrutar e manter os seus atuais talentos. Houve uma tentativa de tornar normal o que não o era até há três semanas atrás.
Como é que o recrutamento mudou para si durante esta situação?
É uma época de grande sensibilidade, uma situação completamente inesperada que nenhum profissional poderia ter previsto. Para mim, tem sido muito importante trabalhar sobre a adaptabilidade e a flexibilidade. Compreendendo que estamos todos a passar por uma fase de adaptação a esta situação e infelizmente, muitos outros estão a viver mais de perto esta pandemia, que pode tê-los afetado a eles ou às suas famílias e entes queridos. É por isso que, para mim, hoje, o mais importante no recrutamento é a empatia. Mais do que nunca, este é um momento de grande proximidade que tento tratar com o máximo cuidado.
Como tem sido a adaptação ao mundo digital?
No meu caso, devido à minha localização geográfica e porque trabalho para diferentes cidades em Espanha, Portugal e Andorra, as vídeo-chamadas e as entrevistas em vídeo sempre fizeram parte da minha rotina. É verdade que, felizmente, temos hoje à nossa disposição a tecnologia necessária para minimizar as distâncias, o que é uma vantagem incrível para todos. O que mudou definitivamente é a forma como tanto as empresas como os candidatos se relacionam durante este tempo, porque não o podem fazer pessoalmente, pelo que tivemos de incorporar alternativas como as vídeo-chamadas. Penso que as entrevistas em vídeo nunca foram tão necessárias como agora. Ter a oportunidade de "dar um rosto" a nós próprios é, sem dúvida, um benefício que está a revolucionar o recrutamento de talentos em tempos de crise.
Como pensa que a experiência dos candidatos é afetada pela realização de um processo 100% online?
É importante ter em conta que se trata de uma situação temporária. O facto de estarmos agora a fazer todo o processo digitalmente não significa que, a dada altura, não teremos a oportunidade de nos encontrarmos pessoalmente. Neste momento, o mais importante é cuidarmos de nós próprios, da nossa saúde e da prevenção sanitária. Em geral, posso dizer que as entrevistas em vídeo são muito bem recebidas pelos candidatos. Felizmente, no mundo altamente digitalizado dos nossos dias, é prática comum realizar as mesmas. Estamos cada vez mais familiarizados com as plataformas tecnológicas que as tornam possíveis. Se é verdade que, do ponto de vista do entrevistador, pessoalmente podemos transmitir melhor quem somos como empresa, também é verdade que se tivermos recursos podemos ultrapassar os obstáculos e, após uma entrevista em vídeo, podemos partilhar com os candidatos fotos da equipa, vídeos dos escritórios ou testemunhos de outros membros da equipa, para que tenham uma ideia mais clara da nossa essência e dos nossos valores. A atitude durante a entrevista em vídeo será tudo!
A entrevista em vídeo é uma tendência do momento ou está aqui para ficar?
Todo o setor do recrutamento está a ser revolucionado pela digitalização, mas é verdade que, durante muitos anos, este tem sido um dos formatos favoritos para o recrutamento internacional ou para as pessoas que procuram mudar de local. HAYS, uma referência no setor dos recursos humanos, publicou que, até 2012, 60% das pessoas que trabalham neste setor já tinham utilizado entrevistas em vídeo em algum momento da sua carreira profissional, pelo que estou certa de que, até 2020, não pode ser apenas uma tendência, mas está aqui para ficar e tornar muito mais simples o nosso contacto. Há literalmente um mundo de possibilidades e talentos que, graças a este formato, podemos alcançar e entrevistar em qualquer parte do mundo.
O que diria a todas aquelas pessoas que, infelizmente, estão a perder os seus empregos devido a esta situação?
Gostaria de lhes dizer, acima de tudo, que embora pareça e se sinta como algo difícil de lidar neste momento, é muito importante manter a calma. Este é um acontecimento sem precedentes e esmagador, mas posso dizer que será uma situação momentânea. Gostaria de dizer que espero que tenham a oportunidade de aproveitar este tempo para analisar as possibilidades, para analisar as empresas e para recordar que estes são processos bilaterais. O impacto económico de toda esta situação não pode ser negado, mas não podemos perder a calma nem deixar de tentar.
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